20 novembro 2005

Poesia Alentejana

Tava eu tirando moncos
lá da cana do nariz
quanto fazia uma mija
assim tipo chafariz

Tinha a bexiga tã chêia
que fiquê lá uma hora
quando me assomê em volta
tinha ido tudo embora

Sacudi o coiso e tal
enquanto coçava a bilha
de tal manêra atascado
que o entalê na braguilha

tirê as botas do lodo
que fizera na mijada
sacudi tamém as calças
sempre com ela entalada

pedi ajuda à Ti micas
que cerca dali morava
mas depilou-me os tomates
a força com que a puxava

ensanguentado na pila
fui aos tombos pelo monti
vomitando quasi as tripas
nã sêi se queres que te conti

como comera dôs pães
e um garrafão p'ra empurrare
na admira que tivesse
três horas a vomitare

Detê-me na palha fresca
para ver se descansava
enterrê-me logo em bosta
de uma vaca que passava

E foi assim que essa tarde
conheci um caracoli
os dois deitados na palha
com os cornos a secare ao soli